No sábado, o que era para ser apenas mais uma rodada do Campeonato Brasileiro acabou se transformando em um verdadeiro pesadelo para o Corinthians. A derrota por 2 a 1 para o Mirassol, em plena Série A, evidenciou uma série de problemas dentro e fora de campo. Enquanto os palmeirenses comemoravam um bom momento na temporada, a Fiel Torcida vivia mais um capítulo amargo de um clube em ebulição.

Uma Partida para Esquecer

O jogo contra o Mirassol foi marcado por falhas defensivas, uma atuação apática no segundo tempo e um pênalti desperdiçado de maneira frustrante por Memphis Depay — sim, ele mesmo, com uma cavadinha que terminou facilmente nas mãos do goleiro Walter.

O arqueiro do Mirassol revelou que já conhecia o estilo de cobrança de Memphis, especialmente após um gol de pênalti sofrido contra o Cuiabá. “Eu senti que ele bate lento, quase uma cavadinha. Então esperei até o último segundo”, contou Walter. Deu certo. O goleiro defendeu e virou herói da partida.

Dorival Cobra e Bastidores Pegam Fogo

Após o jogo, o técnico Dorival Júnior não poupou críticas. Cobrou firme o elenco, principalmente no que diz respeito à fragilidade defensiva. Erros que vêm se acumulando e custando pontos preciosos ao time.

Um dos mais visados foi Andleriy, zagueiro que teve boas atuações no Paulistão, mas vem em queda acentuada de rendimento. O Corinthians já procura reforços para a zaga, algo identificado como urgente pelo próprio Dorival logo após sua chegada ao clube.

Memphis: Genialidade ou Precipitação?

A cobrança de pênalti de Memphis causou polêmica. Para alguns, um recurso de um jogador talentoso. Para outros, um ato de irresponsabilidade em um momento decisivo. Porém, segundo fontes internas, Memphis costuma treinar penalidades com força, buscando os cantos altos do gol — não cavadinhas. A tentativa de surpreender falhou e gerou frustração.

Ainda assim, não há clima de caça às bruxas. A avaliação dentro do clube é que Memphis tentou algo diferente, não como provocação, mas sim como expressão de sua criatividade em campo. Ainda assim, o lance ficou marcado como símbolo de uma tarde desastrosa.

Mirassol Surpreende com Intensidade

Do outro lado, o Mirassol vem sendo uma grata surpresa. Com um elenco modesto, o time mostra um futebol intenso e ofensivo, sob o comando do técnico Rafael Guanais — um nome que poucos conheciam até aqui, mas que começa a chamar atenção.

Mesmo com as dificuldades logísticas e estruturais típicas de clubes menores, o Mirassol faz uma campanha sólida. Está na 12ª colocação, à frente de clubes tradicionais, como Internacional e até mesmo o Corinthians, e fora da zona de rebaixamento, o que por si só já é uma conquista.

A Voz da Liderança: Hugo Souza

Outro ponto de destaque foi a postura do goleiro Hugo Souza, que terminou a partida como capitão. Na entrevista pós-jogo, Hugo foi direto: “Os erros são do treinador, mas também dos jogadores. Esse time pode mais. Tem que querer.”

A fala ecoou dentro do vestiário. Jogadores sentiram a cobrança, mas reconheceram a liderança emergente de Hugo, que vem se identificando rapidamente com a camisa do Corinthians — inclusive já protagonizando cenas de indignação em campo, como na Sul-Americana, ao protestar contra a expulsão de Félix.

Crise Política Atinge o CT

Enquanto o time tenta se reorganizar, o clima político no Parque São Jorge é de pura tensão. O presidente Augusto Melo está cada vez mais próximo de enfrentar um processo de impeachment, impulsionado pela divulgação de áudios e escândalos relacionados ao caso VBet.

A Chapa 82, responsável por eleger Augusto, já se fragmenta. De um lado, Armando Mendonça, o responsável por divulgar os áudios, surge como candidato natural em caso de nova eleição. Do outro, Rosala Santoro, ex-diretor financeiro, se movimenta nos bastidores com apoio crescente.

Dentro do CT, cresce a percepção de que a saída de Augusto Melo é questão de tempo. A política começa a interferir diretamente na rotina dos jogadores, que se tornam, inevitavelmente, peças de um jogo de interesses — servindo como capital político para quem deseja se promover.

Apoio das Organizadas Enfraquece

Outro sinal claro da instabilidade é o posicionamento da Gaviões da Fiel, uma das principais organizadas do clube. Em comunicado, deixaram claro: “Se tiver que acontecer, que aconteça.” Uma lavagem de mãos pública que evidencia a perda de apoio político e institucional do presidente.

A Situação é Delicada

Com isso, o Corinthians vive uma tempestade perfeita: problemas em campo, com erros táticos e técnicos; falhas graves na defesa; lideranças tentando reorganizar o time; e um furacão político que pode culminar com a queda do presidente.

Apesar disso, o trabalho de Dorival Júnior ainda é bem visto internamente. Os jogadores estão fechados com o treinador, que tenta manter o elenco focado e blindado das pressões externas. No entanto, diante de tanta instabilidade, fica claro que a recuperação do clube não será apenas no gramado.

O Que Vem por Aí?

Com o mercado aberto, espera-se que o Corinthians busque pelo menos um zagueiro de confiança. A reconstrução passa por reforçar o setor mais vulnerável da equipe e recuperar a moral de atletas que foram destaque há pouco tempo, mas que hoje vivem momentos de dúvida.

Além disso, a diretoria (ainda que sob incerteza) precisará tomar decisões importantes sobre renovação de contratos, folha salarial e planejamento do segundo semestre — tudo isso com um possível processo eleitoral batendo à porta.

Conclusão: O Timão Precisa Virar o Jogo

O momento do Corinthians é crítico, mas não irreversível. O elenco tem qualidade, o treinador tem respaldo e a torcida, apesar da decepção, ainda é o maior patrimônio do clube. Porém, para sair dessa, é preciso mais do que talento em campo. É necessário liderança, responsabilidade e, principalmente, estabilidade política.

Enquanto os adversários jogam bola, o Timão joga xadrez político. E nesse tabuleiro, cada movimento errado custa caro.