Carlo Ancelotti está prestes a assumir um dos cargos mais desafiadores do futebol mundial: o comando técnico da Seleção Brasileira. O nome do italiano gera muita expectativa, não só pela bagagem que carrega, mas também pela diferença brutal de mentalidade em relação ao que temos visto no cenário brasileiro. Vamos explorar o que podemos esperar dessa nova era que se inicia no futebol canarinho.

Um Técnico Fora da Curva

Marcelo Bechler, jornalista esportivo respeitado, apontou que valia tudo para trazer Ancelotti. Em suas palavras, “valia se humilhar, se ajoelhar, rastejar atrás do Ancelotti”. E, convenhamos, faz sentido. Afinal, estamos falando do técnico mais vitorioso da história da Liga dos Campeões, com passagens de sucesso pelos principais campeonatos do mundo: italiano, inglês, francês, alemão e espanhol.

Mais do que títulos, Ancelotti é um estrategista refinado, que consegue ler os jogos como poucos e adaptar seu estilo ao material humano que tem nas mãos. E isso é essencial em uma seleção brasileira recheada de talento, mas que carece de organização tática e mentalidade coletiva.

O Colapso da Cultura Tática Brasileira

A crítica de Bechler vai além da análise do treinador europeu. Ele aponta para um problema estrutural do nosso futebol: a cultura de resultados imediatos. No Brasil, três derrotas seguidas bastam para colocar qualquer treinador em xeque. Isso impede um trabalho de médio e longo prazo e força os técnicos a adotarem um estilo pragmático e conservador, muitas vezes focado apenas em não perder.

Essa mentalidade gerou treinadores que vivem sob pressão constante, sem espaço para desenvolver novas ideias. O resultado? Jogos feios, com chutões, bola parada, laterais na área e pouca variação tática. Técnicos moldados por um sistema que desestimula a criatividade e premia o medo.

É exatamente por isso que a chegada de Ancelotti é uma lufada de ar fresco. Ele representa o oposto desse cenário: pensamento estratégico, controle emocional e capacidade de adaptação a diferentes contextos.

O Estilo Ancelotti no Real Madrid: Lições para a Seleção

Uma análise profunda feita pelo canal Futebol Máximo mostrou como Ancelotti transformou o Real Madrid em um time dominante na temporada 2023/2024. Sob seu comando, o clube merengue foi campeão da Champions League com autoridade, apresentando versatilidade tática e inteligência em todas as fases do jogo.

O grande trunfo dessa equipe era a capacidade de atacar em velocidade, explorando os espaços com Vini Jr., Rodrygo e Bellingham, e também controlar partidas com posse de bola e movimentações bem coordenadas. Mas havia uma peça central para tudo funcionar: Toni Kroos.

Kroos foi o cérebro do time. Atuando como um primeiro volante, ele dava equilíbrio, organizava a saída de bola e ditava o ritmo do jogo. Sua visão permitia encontrar espaços entre as linhas adversárias e lançar companheiros com precisão cirúrgica, como no gol emblemático contra o Bayern de Munique, em que ele encontrou Vinícius Júnior com um passe milimétrico.

Essa característica de adaptação, de saber jogar em vários estilos, é uma das grandes qualidades de Ancelotti — e uma das mais necessárias na Seleção Brasileira atual, que sofre para encontrar um modelo de jogo coerente.

O Desafio de Replicar Isso na Seleção

A pergunta que fica é: como Ancelotti vai aplicar essa filosofia na seleção?

Ele certamente terá à disposição nomes como Vini Jr., Rodrygo, Paquetá, Bruno Guimarães, Endrick, e até Neymar (caso esteja saudável). Mas não terá um Toni Kroos — pelo menos não com as mesmas características. Isso exigirá criatividade para adaptar funções. Talvez Paquetá ou Bruno Guimarães possam ser moldados para uma função mais organizadora. Talvez surja um novo nome. O que sabemos é que Ancelotti não vai simplesmente copiar e colar o modelo europeu.

A tendência é que ele desenvolva uma seleção híbrida, com capacidade de reagir conforme o adversário. Em jogos contra seleções mais fracas, um estilo de posse, cadenciado e ofensivo. Contra gigantes europeus ou sul-americanos, um time mais reativo, veloz e letal nos contra-ataques — exatamente como o Real Madrid venceu a Champions.

A Aposentadoria de Kroos e o Impacto Tático

Com a aposentadoria de Kroos, o Real Madrid teve que se reinventar. A ausência do alemão deixou um vácuo no setor criativo e na organização defensiva. Ancelotti passou a utilizar Vini, Rodrygo, Bellingham e Mbappé ao mesmo tempo, o que tirou equilíbrio do meio-campo. Houve queda na qualidade da saída de bola e perda de controle em momentos decisivos.

Esse exemplo é importante porque mostra que até mesmo os grandes treinadores sofrem com a falta de peças-chave. E na seleção, onde há pouco tempo para treinar e entrosar, a inteligência na hora de escalar e distribuir funções será ainda mais vital.

O Que Podemos Esperar da Seleção de Ancelotti?

  • Mais organização tática: Não veremos um time perdido em campo. Ancelotti trará uma estrutura clara, com funções bem definidas.
  • Versatilidade de jogo: Ataques rápidos com Vini Jr. e Rodrygo; jogo cadenciado com Paquetá e Bruno; bola aérea com zagueiros fortes. Um time completo.
  • Valorização da posse com objetividade: Nada de toque de bola sem propósito. A posse será uma ferramenta, não um fim em si.
  • Melhor uso do talento individual: Em vez de depender de jogadas isoladas, os talentos serão integrados a um plano coletivo.
  • Resgate da competitividade internacional: A seleção deve voltar a competir de igual para igual com potências como França, Alemanha e Argentina.

Conclusão: Uma Nova Era Pode Estar Começando

A escolha por Carlo Ancelotti não é apenas acertada — é histórica. Pela primeira vez em décadas, a Seleção Brasileira terá à frente um treinador com mentalidade europeia, currículo de respeito e, principalmente, capacidade de construir uma ideia de jogo moderna e eficaz.

É claro que os desafios serão muitos: calendário apertado, pouco tempo de treino, pressão da torcida, interferência política. Mas se alguém tem bagagem para lidar com tudo isso, esse alguém é Carlo Ancelotti.

Nós, como torcedores, temos o direito de sonhar com uma seleção renovada, inteligente e vencedora. E quem sabe, finalmente, ver o Brasil levantar sua sexta estrela na Copa do Mundo de 2026.

FAQ - Perguntas Frequentes

Quem é Carlo Ancelotti?
Ancelotti é um técnico italiano, multicampeão da Liga dos Campeões e com passagens de sucesso por grandes clubes da Europa como Milan, Chelsea, PSG, Bayern de Munique e Real Madrid.

Quais jogadores devem ser os pilares da Seleção com Ancelotti?
Vini Jr., Rodrygo, Paquetá, Bruno Guimarães, Éder Militão, Alisson e Endrick estão entre os mais cotados para assumir protagonismo.

Ancelotti já trabalhou com brasileiros?
Sim. Durante sua carreira, treinou jogadores como Kaká, Ronaldo, Marcelo, Casemiro, Vini Jr., Rodrygo e muitos outros.

Quando começa oficialmente o trabalho de Ancelotti?
A previsão é que ele assuma o comando da Seleção após o término da temporada europeia 2024/2025.

O estilo de Ancelotti combina com o futebol brasileiro?
Sim. Seu estilo equilibrado, versátil e adaptável tem tudo para extrair o melhor do talento natural dos brasileiros, organizando o caos criativo em um sistema vencedor.