A volta de Neymar ao Santos mexeu com os bastidores do futebol brasileiro como poucas contratações já fizeram. No centro de uma polêmica intensa está o jornalista que revelou os detalhes desse retorno histórico — e sobretudo, milionário. Muito além da paixão do torcedor, o caso escancara como o clube da Vila Belmiro se envolveu em um acordo que compromete não apenas suas finanças atuais, mas também o futuro imediato.
Neste artigo, vamos destrinchar tudo: os valores astronômicos do contrato, os bastidores da negociação, os privilégios concedidos à família Neymar e o impacto disso tudo no já fragilizado orçamento do Peixe.
O Furo de Reportagem e a Reação do Torcedor
A divulgação do contrato causou revolta em muitos torcedores santistas. Para alguns, a exposição dos termos foi vista como um “ataque” ao clube. Mas, como o jornalista responsável destacou, jornalismo que não incomoda é assessoria de imprensa. Revelar os bastidores de um negócio dessa magnitude não é “torcer contra”, é cumprir a função pública de informar.
E não se trata de qualquer jogador: Neymar Júnior é o nome mais relevante do futebol brasileiro nos últimos 15 anos. Seu retorno é notícia — e o contrato que o viabilizou, ainda mais.
O Contrato: R$ 105 Milhões em 5 Meses
O acordo entre Santos e Neymar garante ao atacante pelo menos R$ 21 milhões por mês, somando salários e direitos de imagem. Isso representa um total de R$ 105 milhões até o fim do vínculo, em junho de 2025. Para efeito de comparação, esse valor corresponde a 25% de todo o orçamento previsto do clube para a temporada — antes mesmo da chegada do jogador.
Ou seja, um quarto das finanças do Santos foi comprometido com um único atleta. Mesmo sendo Neymar, a decisão levanta dúvidas sobre a sustentabilidade do clube.
A Engenharia Financeira do Acordo
A tentativa de equilibrar os custos da operação passa por estratégias de marketing e novos patrocínios. O Santos vem ampliando suas receitas desde a chegada de Neymar, com um aumento de R$ 66 milhões em acordos publicitários.
Porém, a maior parte dessa receita não fica com o clube.
Como funciona a divisão:
- 75% dos valores de novos patrocínios (ou aumento nos já existentes) vão para a empresa NR Sports, do pai de Neymar.
- Apenas 25% ficam com o Santos.
Exemplo claro: o clube trocou a patrocinadora master Blaze (R$ 22,5 milhões/ano) pela Bet7k (R$ 51 milhões/ano). Dos R$ 28,5 milhões de diferença, R$ 21,3 milhões (75%) vão para Neymar Pai, e só R$ 7,1 milhões ficam no clube.
Direitos de Imagem: A Cláusula-Bomba
O contrato exige que o Santos pague, independentemente da receita gerada, um mínimo de R$ 85 milhões em direitos de imagem à empresa de Neymar Pai. Mesmo que o clube não arrecade esse montante, terá que tirar do próprio bolso.
Isso significa que, se a operação for um fracasso financeiro, o prejuízo é todo do Santos. A NR Sports, por sua vez, está resguardada. O contrato funciona como uma espécie de “seguro” para Neymar e família.
Privilégios de Estrela: Mimos e Mais Mimos
Além do altíssimo salário e das garantias comerciais, o contrato inclui uma série de regalias incomuns no futebol brasileiro:
- 3 camarotes na Vila Belmiro com capacidade para 36 pessoas;
- 20 ingressos por jogo fora de casa;
- Voos particulares e hotéis 5 estrelas pagos pelo clube;
- Passagens em classe executiva para o staff de Neymar;
- Exclusividade da imagem: o Santos só pode usar a imagem do jogador com autorização prévia da NR Sports.
Ou seja, nem mesmo o uso da figura de Neymar é livre para o clube que o revelou ao mundo.
E Se Neymar Sair Antes?
Mais um detalhe que chamou a atenção: em caso de saída antecipada, o Santos ainda terá que pagar integralmente os R$ 85 milhões de imagem, mesmo que o vínculo termine antes do previsto. Ou seja, o risco é todo do clube — Neymar e seu pai podem rescindir quando quiserem, sem prejuízo algum.
Além disso, todos os contratos de patrocínio firmados até junho de 2025 continuarão repassando 75% das receitas à empresa de Neymar por mais um ano, mesmo que o atleta não esteja mais no clube.
Sócio-Torcedor, Camisas e Marketing
A volta de Neymar de fato impulsionou o programa de sócio-torcedor (Sócio Rei), com aumento estimado de R$ 2 milhões mensais em receita. Camisas também bateram recordes de vendas, e o clube prepara o lançamento da camisa azul comemorativa para arrecadar ainda mais.
No entanto, mesmo essas receitas adicionais são direcionadas, quase que integralmente, para quitar os compromissos com Neymar.
O Santos Está Se Vendendo?
A grande crítica — que gerou a polêmica na imprensa — é que o Santos parece ter abdicado de sua autonomia em troca de um nome. O clube centenário, berço de Pelé, parece agora atuar como um braço comercial da marca Neymar.
O jornalista que revelou os detalhes foi criticado por “tumultuar” o ambiente, mas os documentos falam por si. Nem o clube, nem o staff de Neymar desmentiram as informações. Apenas alegaram cláusulas de confidencialidade para se isentar de comentar.
Conclusão: Neymar Vale Esse Preço?
Essa é a pergunta que fica no ar. Do ponto de vista técnico, Neymar é um craque, e sua volta ao futebol brasileiro movimenta o mercado, engaja o público e valoriza o produto. Mas a que custo?
O Santos comprometeu orçamento, liberdade de imagem e parte de sua identidade. Transformou-se em uma vitrine da NR Sports, onde cada real que entra tem destino certo: pagar a conta do ídolo.
Para alguns torcedores, isso é justificado: ver Neymar vestindo novamente a camisa do Peixe é um sonho realizado. Para outros, é o retrato de um clube desesperado por relevância, disposto a tudo — até perder o controle sobre si mesmo — para recuperar o brilho de outros tempos.